Eu
fecho os olhos e lembro de um lindo pano de parede que minha mãe bordou e deu
de presente para sua sogra ( minha Vó Titine ). Neste pano tinha escrito assim: Uma
mulherzinha esperta nunca se aperta e um outro: Deus abençoe este lar. Sempre
tive curiosidade de saber de onde foi que ela tirou aquela ideia. Conversando
com ela, me contou que os panos eram vendidos já riscados, ela comprava na Loja
Rio em Camaquã. Lendo alguns artigos em blogs de artesanato descobri que o nome
desta técnica é “ wandschoner” panos de parede que no Brasil,
tiveram origem com os colonizadores italianos do Rio Grande do Sul, eram bordados
pelas colonas com imagens e dizeres e serviam para enfeitar
as paredes das casas, principalmente da cozinha. Tem até um livro sobre a história dos panos de
parede, trabalho escrito pela professora Cleci Eulalia Favaro intitulado
Penélopes do Século XX: a cultura popular revisitada. “os imigrantes construíram um corpo de valores
positivos, destinado a servir de suporte emocional e veículo de comunicação
externa. Por meio do bordado de imagens e inscrições sobre panos de parede ou
panos de cozinha em tecidos rústicos, as mulheres contribuíram para alimentar o
sonho de uma vida melhor.”
Tem os que afirmam
que panos protetores de paredes, fazem parte das memórias histórico-afetivas das
comunidade teuto-brasileiras( sendo Camaquã um berço de colonizadores alemães,
acredito que seja verdade também). Os wandschoner, do dialeto Hunsrück, é um artesanato típico da
Alemanha que foi trazido para o Brasil pelas famílias imigrantes alemãs.
Confeccionados em tecido de algodão, têm no centro uma mensagem bordada
(provérbio popular, citação bíblica...), era originalmente escrito em língua
alemã. Em torno da mensagem geralmente eram bordados ramos de flores. Nas
paredes, refletem e transmitem valores e normas das famílias. “Durante a
Segunda Guerra Mundial, a língua alemã foi proibida no nosso país, e assim a
arte de bordar wandschoner acabou abandonada pelas mulheres.”